Sonhar o futuro
Durante a pandemia, em novembro de 2020, estive no Dubai. Lembro-me de passar nesta avenida e surpreender-me com a forma extravagante deste edifício. Na época, a ideia de um Museu do Futuro trazia muitas perplexidades, principalmente devido a todas as incertezas que o futuro apresentava. Com grande simbolismo, na época, o futuro já tinha um edifício para o expor, mas ainda não estava aberto. Olhávamos de fora, imaginávamos o que poderia vir a ser, mas não tínhamos certezas.
Talvez devido a isso, foi grande a curiosidade que senti quando soube que, a 22 de fevereiro de 2022, tinha sido inaugurado. Mentalmente, marquei logo visita para quando tivesse oportunidade de voltar ao Dubai. Esse futuro chegou agora.
Na sequência de uma colaboração que tenho desenvolvido no programa Esta Manhã, da TVI, fiz uma transmissão em direto a partir do terraço do museu, no centro do seu círculo imperfeito. Sem dispor de autorização oficial, não pude utilizar tripé, simplesmente segurei no telemóvel com o braço esticado em jeito de selfie, conforme se pode ver aqui:
Chamo a atenção para esta situação: no Museu do Futuro, eu estava, com o meu telemóvel, a transmitir em direto para um canal de televisão português, a mais de oito mil quilómetros de distância, com a qualidade de som e imagem que pode ver no vídeo anterior.
Este é o tempo em que estamos. O presente parece ser já o futuro. Todos os dias nos surpreendemos com avanços que apenas imaginávamos, ou que não chegámos sequer a imaginar, e que já são possíveis. Quase deixámos de nos surpreender com o vertiginoso desenvolvimento tecnológico. Ainda não explorámos as potencialidades de uma inovação, e já surgiu outra, e outra, e outra.
Neste contexto, é bastante ousado imaginar o futuro, expor essas ideias com pertinência. Ora é exatamente essa a proposta deste museu.
O edifício é tão surpreendente por dentro como por fora, logo aí reside uma das atrações da visita. Para além disso, de múltiplas formas, são exibidas soluções incríveis para problemas concretos do planeta. Trata-se de um futuro a uma distância temporal de 50 anos, que consiste em projetos gigantes como é o caso, por exemplo, da energia recolhida a partir de painéis solares em largas extensões da lua e, depois, absorvida através de uma enorme estação espacial, enviada para recetores localizados nos oceanos e, a partir daí, distribuída no nosso planeta.
Outra proposta, outro exemplo, corresponde à criação de uma espécie de biblioteca com o acervo genético de toda a vida animal e vegetal do planeta. Como acontece em todo o museu, a apresentação dessa ideia é bastante atraente e vistosa. Parece seguro afirmar que, no futuro, estaremos salvaguardados ao nível do design.
Para saber tudo sobre o futuro que este museu apresenta, o melhor é ir-se lá, à Sheikh Zayed Road, no Dubai. Nessa visita, haverá surpresas, mas é muito reconfortante encontrar-se o otimismo, o entusiasmo de sonhar.
Texto de José Luís Peixoto
Fotos de Patrícia Santos Pinto
Comments