ÓBIDOS, PORTUGAL
- José Luís Peixoto
- 22 de mar.
- 2 min de leitura

Avançamos pela Rua Direita, como se avançássemos por um caminho de todo o mundo, cruzamo-nos com gente a falar várias línguas, babel, gente que veio dos mais diversos pontos para chegar aqui. Como será a rua de onde cada uma destas pessoas partiu? Caminhamos devagar, olhando para um e outro lado, existe a ginja em copo de chocolate, existem as espadas de madeira para as crianças brincarem, existe a vila de hoje.
As razões que levam todas estas pessoas a fazer este caminho são inúmeras. De certeza que, quando chegam cá, encontram razões que não imaginavam. Há a história, a solenidade das pedras, das paredes brancas, das linhas que existem há tantos séculos, dote de muitas rainhas, tudo o que idealizamos acerca de quem caminhou por estas mesmas ruelas. Mas há também o momento exato em que estamos, as livrarias e os livros, os petiscos, a alegria das pessoas nas ruas, este belo dia de sol.
Ao passarmos pela porta da vila, com um músico que aproveita a acústica para tocar acordeão, ao entrarmos nas igrejas, como é o caso da Igreja de Santa Maria, ou simplesmente ao olharmos em volta, sei que o meu filho entende. Óbidos é um sonho que Portugal sonhou, vou para explicar-lhe isto, mas o meu filho já tem dezoito anos, entende, e tem razão: cada vez que cá vimos é sempre a primeira vez.

Texto de José Luís Peixoto
Fotos de Patrícia Santos Pinto
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