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ÓBIDOS, PORTUGAL

  • José Luís Peixoto
  • 22 de mar.
  • 2 min de leitura




Houve um Natal em que vim a Óbidos com o meu filho, mas agora ele tem dezoito anos e, por isso, garante-me que foi há muito tempo, demasiado tempo, era ainda pequeno. Para mim, não foi há tanto tempo assim, mas aceito a sugestão de considerarmos que esta é a primeira vez que estamos juntos em Óbidos.


Avançamos pela Rua Direita, como se avançássemos por um caminho de todo o mundo, cruzamo-nos com gente a falar várias línguas, babel, gente que veio dos mais diversos pontos para chegar aqui. Como será a rua de onde cada uma destas pessoas partiu? Caminhamos devagar, olhando para um e outro lado, existe a ginja em copo de chocolate, existem as espadas de madeira para as crianças brincarem, existe a vila de hoje.





As razões que levam todas estas pessoas a fazer este caminho são inúmeras. De certeza que, quando chegam cá, encontram razões que não imaginavam. Há a história, a solenidade das pedras, das paredes brancas, das linhas que existem há tantos séculos, dote de muitas rainhas, tudo o que idealizamos acerca de quem caminhou por estas mesmas ruelas. Mas há também o momento exato em que estamos, as livrarias e os livros, os petiscos, a alegria das pessoas nas ruas, este belo dia de sol.


Ao passarmos pela porta da vila, com um músico que aproveita a acústica para tocar acordeão, ao entrarmos nas igrejas, como é o caso da Igreja de Santa Maria, ou simplesmente ao olharmos em volta, sei que o meu filho entende. Óbidos é um sonho que Portugal sonhou, vou para explicar-lhe isto, mas o meu filho já tem dezoito anos, entende, e tem razão: cada vez que cá vimos é sempre a primeira vez.






Texto de José Luís Peixoto

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© José Luís Peixoto

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