Piscinas de Galveias
Na entrada do caminho que hoje liga a rua de São João ao Parque Aquático Oásis, havia um portão de ferro enferrujado. Na distância desse terreno, pastavam rebanhos de ovelhas. Quando nós brincávamos na rua de São João e olhávamos através das grades do portão, nunca teríamos sido capazes de imaginar piscinas como as que ali existem hoje, aquele azul rodeado por relvado, guarda-sóis de palhinha, escorregas. Piscinas como essas pertenciam a outro mundo.
O nosso mundo eram os tanques de rega das hortas, onde entrávamos com e sem ordem, pela porta ou saltando muros. Também as barragens, depois de quilómetros a pedalar em estradas de terra, entre campos de oliveiras, azinheiras e sobreiros, debaixo da hora do calor. Não esqueci ainda a sensação de, à chegada, lavar o suor e a poeira da viagem nessas águas. Da mesma maneira, não esqueci o toque do sol a esmorecer, o fim das tardes de julho, a aragem que passava pelo tronco nu, a secar pelo caminho.
Mas até as piscinas novas ganham tempo e, na idade que levam, são já o lugar onde os meus filhos cresceram. Para eles, passou um longo período, passaram várias idades, desde que eram pequenos e agora. E têm razão. Tinham medo de descer nos escorregas, precisávamos de ficar cá em baixo a assistir a toda a aventura de subir as escadas e, depois, à forma como caíam desamparados na água. Também o caminho entre a casa da minha mãe e as piscinas, com toalhas debaixo do braço ou penduradas ao pescoço, será recordado.
(Devido à atual pandemia, o Parque Aquático Oásis, em Galveias, encontra-se encerrado durante o verão de 2020.)
Texto de José Luís Peixoto
Fotos de Laura Sousa
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