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  • José Luís Peixoto

MADE IN BRAZIL, LISBOA

Atualizado: 30 de out. de 2020

Fabricado no Brasil




Talvez já tenham ouvido a história indiana, muito difundida, na qual um grupo de cegos encontra um elefante e tentam imaginá-lo a partir do toque. Cada um deles descreve um animal completamente diferente, tendo em conta o pedaço que lhe coube sentir. Um dos cegos descreve o elefante como uma tromba, outro como uma pata, outro como uma presa de marfim, etc.


Muitas vezes, o Brasil é comparável a esse elefante. Não é fácil fazer afirmações absolutas acerca do Brasil, trata-se de um território enorme, repleto de realidades contrastantes a múltiplos níveis. Existem os biquínis (maiôs) de Copacabana, Ipanema e Leblon em telenovelas que não esquecemos, mas existem também os casacos de lã grossa do interior do Paraná ou do Rio Grande do Sul; existe toda a Amazónia, que toca 9 estados do Brasil, uma superfície imensa, com extrema complexidade cultural e social; existe o nordeste, desde o sul da Baía ao norte do Maranhão, também uma área gigante, cheia de diferenças e especificidades; e nem sequer mencionei ainda Minas Gerais, a cidade de São Paulo, todo o enorme (e muito desconhecido em Portugal) estado de São Paulo, a cidade de Brasília (única, como se sabe), Goiás, Mato Grosso (norte e sul), etc.


Considerando a compreensão de um único indivíduo, pode afirmar-se sem exagerar que o Brasil é infinito, inesgotável.


Essa extraordinária variedade faz com que exista um número elevadíssimo de produtos de origem brasileira que, como sempre acontece, transportam um pouco da cultura, da história e da natureza do país. O facto de a comunidade brasileira ser a mais numerosa comunidade de estrangeiros em Portugal faz com que tenhamos um acesso facilitado a muitos desses produtos. Estive há pouco tempo na Made in Brazil, em Lisboa, Arroios (endereço abaixo). As imagens e os produtos que aqui refiro são de lá, mas há vários supermercados dedicados apenas a produtos brasileiros na zona de Lisboa e em vários outros lugares de Portugal. Não sei qual será o melhor.


Como o nome indica, Made in Brazil apenas oferece produtos de origem brasileira. A partir dos clientes que se costumam encontrar por lá, é claramente um lugar onde essa comunidade vai matar saudades, mas também pode ser um espaço onde os portugueses vão conhecer melhor esse enorme país. Hoje, são já muitos os supermercados generalistas que dispõem de múltiplos produtos brasileiros, mas quem já provou sorvete de cupuaçú? No Made in Brazil, é possível experimentar esse sabor.


A oferta é grande, desde os temperos, picantes (pimentas) do Pará, aos cafés, chás ou mates do sul, passando pelas cervejas brasileiras, sucos (que, infelizmente, não podem ser naturais), às geleias, doces, biscoitos de polvilho (como nas praias do Rio de Janeiro), pamonha, pão de queijo e todos os salgados, até mesmo empadas ou massa de pastel, na secção de congelados.


Também uma sugestão: em Lisboa, aos domingos, um lugar para provar quibes acabados de fazer, pastéis (chamados “de vento” ou “de feira”), coxinhas de galinha é a Feira do Relógio. Além da qualidade, também o preço é muito mais aproximado à experiência de estar efetivamente no Brasil. Vale a pena ir lá e acompanhar esses sabores com caldo de cana, também feito na hora.


De regresso a Arroios, ou a qualquer outro supermercado brasileiro, as minhas sugestões de produtos seriam bastante vastas. Se ainda não conhecem, aconselho que façam essa visita e experimentem sabores novos, ou comidas com nomes de que já ouviram falar, mas que nunca provaram.

Desta vez, entre as minhas compras, trouxe o seguinte:


O pequi é um fruto do cerrado brasileiro. O creme deste fruto usa-se para cozinhar, habitualmente molhos, frango ou arroz. Muito usado na culinária do sertão. Tem um bom aroma, perfumado, e um sabor ligeiramente ácido.


Palavras para quê? Farofa de mandioca é um dos símbolos do Brasil. Infelizmente, talvez por falta de sorte, nunca vi em Portugal farofa com a mesma qualidade que se encontra no Brasil. Esta, embalada, é uma forma de também eu matar a saudade desse sabor e desses momentos.



Balas dadinho. Para mim, chamar “balas” a rebuçados ou, neste caso, a um doce próximo do caramelo, é logo metade do prazer. Também adoro a designação “dadinho”, esse modo tão brasileiro de nomear, sinal de inteligência e sensibilidade: realmente estes doces têm a forma de um pequeno dado, um dadinho. Além disso, esta é uma marca altamente tradicional, com sabor a amendoim, também ele muito brasileiro, parente industrial da paçoca.






(Made in Brazil — Rua José Ricardo, 2A, Arroios, Lisboa)


Texto e fotos de José Luís Peixoto

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