Castelo Mendo

Recordamos séculos em que não vivemos,
como se a saudade fosse maior do que
a memória.
Nos guizos de um rebanho de cabras,
também há um alfabeto.
O pelourinho não saberia dar-nos respostas
se já tivéssemos esquecido
o inverno passado.
Guardamos as primeiras perguntas para a
primeira pessoa que descer esta rua,
as suas rugas também têm uma história.
Depois e só depois, folheamos o grande livro
de pedra e de musgo. Somos capazes
de ler sombras na aragem.
Texto de José Luís Peixoto
Foto de Patrícia Santos Pinto
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