Baan doce baan
Muitas vezes, a brincar (ou talvez não), digo aos meus filhos para se prepararem porque, quando me reformar, vão ter de me ir visitar à Tailândia. O país fascinou-me logo na primeira visita. Comecei a conhecê-lo melhor após a terceira visita, quando escrevi o livro O Caminho Imperfeito.
Já estive com o meu filho André na Tailândia. Essa experiência, somada a inúmeras partilhas, talvez tenha contribuído para o facto de andarmos sempre em busca de bons restaurantes tailandeses em Lisboa. Foi com essa expectativa que chegámos ao Baan Saraiva’s.
De óculos postos, comecei a analisar a ementa onde, entre clássicos, especialidades e algumas inovações, havia várias hipóteses. Pedimos que todos os pratos chegassem ao mesmo tempo e, assim, como acontece na Tailândia, irmos comendo de tudo em simultâneo. Pedimos: salada de papaia verde, sopa de coco e galinha (tom ka kai), arroz glutinoso, bolinhos de camarão e entremeada.
Eu já sabia que, em tailandês, “baan” significa “casa”. Foi o Jérôme, o dono, que me explicou que Saraiva’s era o nome do restaurante que, antes, ocupava este espaço. Esse era um dos importantes restaurantes de Lisboa na década de setenta, palco de muitas memórias. Honrando essa história, optaram por manter o nome, juntando-lhe o “baan” tailandês como distintivo desta nova vida.
Foi também o Jérôme que nos aconselhou o roti de banana para a sobremesa, que comemos já em fim de noite, últimos comensais daquela quarta-feira, e também foi ele que nos levou a visitar a cozinha, onde conhecemos os cozinheiros, vindos diretamente da Tailândia para trabalhar aqui, para garantir os paladares desse país do Sudeste Asiático. Àquela hora, apesar do dia inteiro de trabalho, houve ainda boa disposição, bom humor, houve também a paciência de nos mostrarem como fazem o arroz glutinoso à maneira tradicional da província de Isaan.
Nos últimos anos, com a Pinto Lopes Viagens, tenho ido três ou quatro vezes por ano à Tailândia. Com esse conhecimento, posso afirmar: este Baan Saraiva’s é comparável ao melhor que se encontra na Tailândia. Como se tivéssemos jantado em Banguecoque e, ainda assim, fôssemos dormir a casa.
Texto de José Luís Peixoto
Fotografias de André Pires Peixoto (excepto aquela em que aparece...)
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